Perspectivas Filosóficas em Informação

"Risco de aumento da desordem informacional em 2025 é alarmante", avalia Marco Schneider, em artigo publicado na Folha de São Paulo

Pesquisador avalia que grande parte do problema passa pelo modelo de negócio das big techs

Foto: Arun Sankar/AFP

Em artigo publicado na Folha de São Paulo, em 19 de dezembro, o coordenador da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD), Marco Schneider, destaca os riscos de agravamento da desordem informacional durante o ano de 2025. Pesquisador titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e líder do grupo de pesquisa Perspectivas Filosóficas em Informação (Perfil-i), o especialista faz uma análise a partir das últimas declarações do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua aliança com os grandes magnatas por trás das principais plataformas digitais da contemporaneidade, como é o caso de Elon Musk, à frente do X (antigo Twitter).

Para Schneider, a ameaça do aumento exponencial dos casos de desinformação decorre da resistência, por parte das plataformas, às medidas regulatórias, por mais democráticas que sejam. De acordo com o pesquisador, no Brasil, o problema torna-se ainda mais grave, haja vista a revelação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado, concebida por militares de alta patente e pelo próprio ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.

"A trama envolvia manobras jurídicas e tentativas de assassinato de autoridades, mas a desinformação esteve na base da trama, ao buscar confundir e angariar apoio junto à opinião pública, formadores de opinião e militares em benefício do golpe. Antes disso, o mesmo grupo lançou dúvidas sobre a lisura das urnas eletrônicas. Sem provas",  destacou Schneider.

No artigo, o pesquisador também ressalta a união de instituições e especialistas brasileiros para enfrentar a onda de desordem informacional crescente no País, com destaque para a Rede Nacional de Combate à Desinformação – cooperação entre laboratórios e grupos de pesquisa acadêmicos junto a empresas de fact-checking e entidades da sociedade civil, que, hoje, engloba 209 parcerias e mais de mil pessoas, com atuações em várias fontes, como estudos científicos sobre integridade da informação, debates, defesa da regulação democrática das plataformas, ações de checagem de fatos, além de práticas de educação midiática e informacional, de norte a sul do Brasil.

"Essa articulação é importante. Grande parte do problema passa pelo modelo de negócio das big techs, aliadas a agentes políticos que utilizam a desinformação sistemática e estrategicamente. É preciso falar claramente sobre esses interesses, na esfera do debate público", avalia Marco Schneider.

Na publicação, Schneider também aponta quais seriam as soluções para a problemática e a importância da regulação das plataformas. O texto, na íntegra, encontra-se disponível no caderno de Opinião da Folha de São Paulo, aqui.