Perspectivas Filosóficas em Informação

Marco Schneider ministra curso sobre Ideologia da Desinformação, na Universidade de Havana

Atividade faz parte da agenda de compromissos do pesquisador na capital cubana

Entre os dias 20 e 21 de março, o pesquisador titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), coordenador da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD) e líder do grupo de pesquisa Perspectivas Filosóficas em Informação (Perfil-i), Marco Schneider, Marco Schneider, ministrou o curso La ideología de la desinformación: de la posverdad al brain rot, na Faculdade de Comunicação da Universidade de Havana, em Cuba. A atividade fez parte de uma agenda de compromissos que também envolveu a participação no Colóquio Internacional "Pátria".

Recepcionado pela professora Ania R. Hernández, vice-presidente da Sociedade Cubana de Ciências da Informação e coordenadora do curso de Ciências da Informação da Universidade de Havana, Marco Schneider, que também é docente do Departamento de Comunicação da Universidade Federal Fluminense, abordou os conceitos de desinformação, pós-verdade e brain rot – expressão adotada para o estado de deterioração cognitiva ou mental, associado ao consumo excessivo de conteúdo online, com impactos na capacidade de concentração, foco e retenção de conhecimento.

Para isso, Schneider abordou diferentes conteúdos relacionados ao tema, como liberdade de expressão, neoliberalismo, neofascismo, captura do gosto pelo capital fictício, teorias da conspiração, guerras culturais, ceitas, autoengano, desenvolvimento desigual e combinado, ideologia, excedente cultural e não contemporaneidade. Além disso, jogou luz sobre integridade e soberania da informação, consideradas, por ele, caminhos importantes para a garantia da legitimidade das sociedades democráticas.

“A noção de integridade da informação, que tem sua origem na informática e no entorno corporativo, foi promovida, mais recentemente, como contraponto à desinformação, por entidades como a ONU e diversos atores da sociedade civil, incluindo a academia. Esse enfoque positivo pretende promover a pluralidade da informação, comprometida com a sua verdade e com o combate à desinformação. Nesse sentido, promover a integridade da informação é crucial para abordar desafios como o negacionismo científico, a perseguição de minorias e a ascensão do neofascismo”, destacou o pesquisador.

De acordo com Schneider, a integridade da informação se estrutura a partir de cinco dimensões: produção; distribuição; circulação; recepção e consumo; e preservação e custódia.

“Isso implica na veracidade do conteúdo informativo, na democratização do acesso à informação íntegra, na mediação sociotécnica de fluxos de informação, na credibilidade das fontes e sua relevância, bem como na organização, no armazenamento e na recuperação eficiente da informação”, detalhou.

O pesquisador também enfatizou os desafios geopolíticos e a importância da soberania digital na contemporaneidade.

“A noção de soberania digital é interpretada de diferentes maneiras, por diferentes atores. De origem política, a soberania é um conceito histórico e mobilizador, vinculado a disputas de poder. Hoje, a soberania digital abarca visões estatais, individuais e movimentos sociais. E, quando pensamos na relação entre soberania digital e big techs, é necessário mirar e estudar criticamente a influência das grandes empresas tecnológicas estadunidenses sobre os Estados e a vida social em geral. Isso nos sinaliza, também, que necessitamos desenvolver perspectivas anti-imperialistas e anticolonialistas", ressaltou.