Perspectivas Filosóficas em Informação

Razão e Inteligência Artificial: entenda o que dizem pesquisadores do Perfil-i, em publicação para "A Terra é Redonda"

Artigo analisa a história, o desenvolvimento e as implicações da IA, em termos técnicos e socioeconômicos

Imagem: Ron Lach

Nesta quinta-feira (6), o portal A Terra é Redonda publicou o artigo "Razão e Inteligência Artificial", no qual a evolução histórica dessa nova tecnologia e suas implicações são analisadas, a partir de uma perspectiva crítica da Economia Política. O texto é assinado por  Marco Schneider, pesquisador titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e coordenador da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD); William França, doutorando em Ciência da Informação pelo Ibict; e Luiz Cláudio Latgé, mestre em Mídia e Cotidiano pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Fundamentados pelos escritos de Marx, os pesquisadores avaliam que a Inteligência Artificial (IA) é fruto de uma nova etapa da subsunção formal e real do trabalho intelectual ao capital, processo que se iniciou com a Revolução Industrial e segue até a contemporaneidade. Para formular a ideia, eles explicam que a subsunção formal ocorre quando produtores diretos são alienados de seus meios de produção – terras, oficinas e ferramentas – e tornam-se operários assalariados, pela impossibilidade de concorrer com as grandes empresas; enquanto a subsunção real do trabalho ao capital é uma das formas de conversão de trabalho vivo em trabalho morto – ou seja, envolve a alienação dos saberes laborais, fragmentados e incorporados às máquinas.

Segundo eles, no atual modelo de negócio das plataformas digitais e de aperfeiçoamento das tecnologias de IA, esse fenômeno representa a transformação de conhecimento intelectual em algoritmos e sistemas automatizados.

"Além disso, a Inteligência Artificial é um termo genérico que designa grosso modo a capacidade de máquina emularem ou superarem ações humanas ditas inteligentes. Ações inteligentes envolvem compreensão, adaptação (adaptar-se à situação ou adaptar a situação a si), invenção, reprodução, transformação. São capacidades assimilativas, adaptativas e inventivas, dependentes de processos denominados, no caso da Inteligência Artificial, de aprendizado de máquinas", destacam.

Os pesquisadores também levam em consideração o fato de que a IA depende dos programadores dos algoritmos e de um grande volume de dados extraídos dos usuários das plataformas digitais, que, por sua vez, são controladas pelas big techs – as grandes corporações tecnológicas por trás da rede mundial de computadores. E, nesse contexto, essas empresas atuam de forma oligopolista e, muitas vezes, sem respeitar as legislações nacionais.

"Esse aprendizado requer, além de programadores de algoritmos – cujo trabalho intelectual é subsumido ao capital em termos formais e reais –, imensas quantidades de dados, alienados de todos os usuários das plataformas digitais, mediante processos de vigilância, espionagem e captura por parte das big tech, que operam em regime oligopolista. Essas corporações riquíssimas são em sua maioria americanas e se colocam, sempre que podem, acima da lei do resto do mundo, e mesmo dos EUA, em alguns casos", alertam.

Para os autores, a IA consiste, ainda, no resultado de uma nova modulação do velho imperialismo, levantando questões sobre a alienação do trabalho intelectual, a concentração do poder na mão de poucas empresas e os desafios socioeconômicos impostos por esse fenômeno.

Para conferir o texto, na íntegra, acesse aqui.