Em referência às mudanças anunciadas pela Meta, pesquisador tece crítica ao atrofiamento cognitivo oriundo da exposição excessiva a conteúdos digitais
Imagem: Muffin Landa
Na última segunda-feira (20), o diretor-presidente do International Center for Information Ethics (Icie), Arthur Bezerra, publicou o artigo "Cérebros podres como Meta", no Portal A Terra é Redonda, em alusão às mudanças anunciadas pelo conglomerado de Mark Zuckerberg, que engloba as plataformas Facebook, Instagram e Threads. No texto, o cientista, que também é pesquisador titular do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e membro do Grupo de Pesquisa Perspectivas Filosóficas em Informação (Perfil-i), faz uma crítica à perda de capacidade analítica da sociedade, a partir do excesso de exposição a conteúdos irrelevantes e falaciosos no ambiente digital.
Em sua reflexão, Bezerra também tem como parâmetro a expressão do ano de 2024, segundo a tradicional eleição da Oxford University Press: Brain rot – em português, "podridão cerebral" ou deterioração do estado mental ou intelectual do indivíduo. De acordo com o pesquisador, o termo, que teve 230% de aumento nas buscas, entre 2023 e 2024, reflete uma preocupação real e, cada vez mais, urgente com os impactos do uso prolongado das tecnologias digitais.
"Para os bilhões de indivíduos que usam as redes sociais de Zuckerberg, a consequência esperada é o aumento da podridão cerebral", alerta Arthur Bezerra.
Além disso, como destaca o pesquisador, esse fenômeno se desenvolve dentro um sistema socioeconômico pautado na lucratividade em torno da produção e da exploração dos dados dos usuários, típico do modelo de plataformização do mercado.
"Como já se sabe, em praticamente todos os modelos de negócios estruturados em torno de plataformas digitais, os dados produzidos pelos usuários da internet representam hoje um insumo indispensável, sejam esses dados de geolocalização (fundamentais para plataformas de transporte, como Uber, ou de entregas, como iFood), de gostos e preferências (como os usados pela Amazon, pelo Youtube e pela Netflix para sugerir mercadorias e recomendar conteúdo audiovisual), ou tudo isso junto e misturado com dados sobre curtidas, comentários e compartilhamentos, como sói ocorrer em redes sociais como Facebook, X, Instagram e TikTok. Quanto mais tempo um usuário estiver interagindo em uma plataforma, mais dados pessoais irá produzir", ressalta.
Para conferir o artigo publicado por Arthur Bezerra em A Terra é Redonda, na íntegra, acesse aqui.